lunes, 15 de junio de 2020

Dona Leda


Con este post inauguro una nueva sección, que es transcribir entrevistas a importantes mujeres y hombres del samba hechas por otras personas, con el debido permiso y aceptación. Es darle valor al trabajo ya hecho y seguir divulgando y visibilizando a sambistas muchas veces en el olvido.

Hoy comenzamos por el trabajo hecho por Eduardo Pontín, filósofo e historiador y de Francisca Sousa, periodista. Texto y entrevista, respectivamente, a Dona Leda, matriarca de Império Serrano. Primero en español y luego en su idioma original, portugués. Viva Dona Leda!!!


Dona Leda, la hermana de Império Serrano (Texto de Eduardo Pontin, filósofo e historiador)

Ledahí Nascimento Dias, Dona Ledahí o solo Dona Leda, nació el 8 de abril de 1933 en la ciudad de São Sebastião do Rio de Janeiro, más precisamente en el suburbio, en el barrio llamado Vaz Lobo, en el Morro da Serrinha. Hija de Eulália de Oliveira (1908-2006),  Tia Eulália, matriarca de Império Serrano, y de José Nascimento Filho, un hombre más volcado al jongo que al samba.

No llegó a participar de la escuela de samba Prazer da Serrinha, que fue la agremiación pionera de aquel morro, pero frecuentó su sede.

Cuando Império Serrano fue fundada, el 23 de marzo de 1947, en la casa de sus padres, Dona Leda estaba por cumplir 14 años y ya en el primer desfile de la agremiación, en 1948, salió en el Ala Dama da Corte, siendo una pequeña pastora de la escuela.


No se puede decir que sea una de las fundadoras de la escuela, sin embargo, presenció la fundación en su casa, que fue realizada por su mamá y sus tíos, Molequinho y João Gradim. Hoy, Dona Leda es una de las personas vivas con más memoria de ese período de la escuela.

En una simple comparación, Monarco, que nació el mismo año que Dona Leda y que también es considerado la memoria de Portela de hoy, empezó a frecuentar la escuela de samba a fin de la década de 1940.


Entrevista de la periodista Francisca Sousa para la Agencia Brasil- EBC- concedida en 2018 en vísperas del 71 aniversario de Império Serrano y los 85 de Dona Leda

[Francisca Sousa] Dona Ledahí,  ¿Qué se acuerda usted de la época de la fundación de Império Serrano en la casa de su madre?

 [Dona Leda]  Mi casa era en frente de la sede, yo era una adolescente, trabajaba mucho cargando agua en el morro. Los artistas iban al morro, subían al morro antiguamente, no había pavimento, no había nada, no había agua, teníamos que cargar agua para lavar todo el morro. Teníamos que sacar los yuyos del terreno y cargar agua. Era mucho trabajo. Luchamos mucho para que Império esté asi hoy, saben? Los niños no podíamos entrar mucho en la cuadra. Y el pueblo cantando, mi madre en el medio de la cuadra, emocionada. Ella decía que Império era su hijo, entonces yo digo que soy hermana de Império Serrano.

[Francisca Sousa] ¿Quiénes se reunían en su casa?   

[Dona Leda] Mi tío João, Eloy, mi ex-suegro, mi tío Molequinho, Fuleiro, mi papá, Bita que era otro tío, Zacarias, Manula. Fue muy bueno ese tiempo, sabe?

[Francisca Sousa] ¿Su mamá estaba en el medio de los sambistas?

[Dona Leda] Mi mamá elegía el vestuario. Nosotros teníamos un ala que no veíamos la ropa que íbamos a usar. Ella la mandaba a hacer, eso en los comienzos de Império. Las niñas solo daban sus medidas, no veían la ropa. Y era aquella ropa!! Ellas ya sabían que mi mamá tenía buen gusto. Era todo muy bueno. Serrinha formaba allá arriba y ya bajaba formada.   

[Francisca Sousa] Las pastoras, ¿quiénes eran?

[Dona Leda] Mi prima fue la primera porta-bandeira, Jacira Sinval. Everaldo mestre-sala. Tio João y la esposa, Doralice, Mi tia Neném. Y nosotros más jóvenes...Cantando... Era muy lindo.

[Francisca Sousa]  ¿Cambió mucho desde esa época hasta hoy ?

[Dona Leda] Ah, cambió!! Cambió!! Cambió!! Hoy no hay más aquella unión, hoy en dia es todo dinero, no hay aquella comunión, ¿sabe cómo es? Con mis primas y otras chicas de aquella época, jugando, íbamos a pedir a la calle, éramos chicas, íbamos a pedir ayuda para Império. La gente que daba, de Penha, de Irajá. Íbamos con un sobrecito, golpeábamos las puertas y las personas nos daban, otras no daban nada. Una ayuda para Império. Llevábamos un dinerito. Eso al comienzo de Império. Y ellos, que eran los adultos, llevaban los libros de oro a los negocios de Madureira, de Vaz Lobo, de Penha, firmaban y les daban plata, aquella ayuda para Império. Extraño mucho. Aquel Império, que tenía amor, caramba…

[Francisca Sousa] ¿Qué significa el samba en la vida de la señora?

[Dona Leda] Representa mucho, porque nací alli. Me crié ahí, mi papá no era mucho de samba, era de jongo. Mi mamá no era mucho de jongo. Mi papá si, era del tambor. Cumplía años el 10 de marzo, pero el día de São José hacia una gran fiesta, día 19 de marzo. Habia feijoada. Mi papá todo de blanco. Mi casa era bien enfrente de la sede de Império. Me casé ahí también. Me casé joven, con 17 años, con el hijo de Elóy, que era una persona importante del puerto, y de Império. Me casé y después vino el hijo. Soy Império de verdad.


Siguen el texto y entrevista originales en portugués.

DONA LEDA, A IRMÃ DO IMPÉRIO SERRANO (Eduardo Pontin, filósofo e historiador)

Ledahí Nascimento Dias, Dona Ledahí ou mesmo Dona Leda, nasceu em oito de abril de 1933, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, mais precisamente no subúrbio de Vaz Lobo, no Morro da Serrinha. Filha de Eulália de Oliveira Nascimento (1908-2006), a Tia Eulália, Matriarca do Império Serrano e de José Nascimento Filho, homem ligado muito mais ao Jongo do que ao Samba.

Não chegou a participar da Escola de Samba Prazer da Serrinha, agremiação pioneira daquele Morro, porém frequentou a sua sede.

 Quando a Império Serrano foi fundada, em 23 de março 1947, na casa de seus pais, Dona Leda estava prestes a completar 14 anos de idade e já em seu primeiro desfile, em 1948, saiu na Ala Dama da Corte, sendo pastorinha da Escola.

Não se pode dizer que ela seja uma das fundadoras da Escola, porém, ela presenciou a fundação em sua casa, que foi realizada pela sua mãe e por seus tios, Molequinho e João Gradim. Hoje, Dona Leda é uma das pessoas vivas com maior memória desse período da Escola.

Numa comparação simples, Monarco, nascido no mesmo ano de Dona Leda e que também é considerado a memória da Portela hoje, passou a frequentar a Portela por fins da década de 1940.


Entrevista concedida em 2018 a jornalista Francisca Sousa, para a Agência Brasil – EBC, as vésperas do aniversário de 71 anos da Império Serrano e de Dona Leda completar os seus 85.

[Francisca Sousa] Dona Ledahí, o que a senhora lembra dessa época da fundação do Império Serrano na casa sua mãe?

[Dona Leda] Minha casa era em frente à quadra, minha casa era em frente à sede, eu era garota nova ainda, trabalhava muito carregando água no morro, ia os artistas né? Subiam o morro, antigamente os artistas subiam o morro, não era calçada, não tinha nada, não tinha água no morro, nós tínhamos de carregar água para lavar o morro todo, e capinar e carregar... Olha, era muito trabalho, nós lutamos muito para esse Império agora estar assim, entendeu?... A meninada toda, os rapazes, nós não podíamos entrar muito na quadra, porque éramos criança ainda, né? E o povo cantando, a minha mãe no meio da quadra, naquela empolgação, que a minha mãe... Nossa senhora, minha era aquela pessoa que... Ela dizia que o Império era filho dela, né? Então eu digo que sou irmã do Império Serrano.

[Francisca Sousa] Quais eram as pessoas que se reuniam na casa da senhora?

[Dona Leda] Meu tio João, Eloy, meu ex-sogro, meu tio Molequinho, Fuleiro, meu pai, Bita que era outro meu tio. Zacarias, Manula. Era muito bom aquele tempo, sabe?

[Francisca Sousa] A sua mãe ficava no meio dos sambistas?

[Dona Leda] Minha mãe que escolhia os figurinos antigamente. Ela ficava escolhendo os figurinos. Nós tínhamos uma ala que nós não podíamos ver a nossa roupa, não. Ela mandava fazer a roupa, isso no começo da Império. As meninas só tiravam as medidas, não viam a roupa. E era aquela roupa, né? Elas já sabiam que minha mãe tinha gosto. Era muito bom. Formava lá em cima na Serrinha, descia formada ali.

[Francisca Sousa] As pastoras, quem eram?

[Dona Leda] A minha prima era a primeira porta-bandeira, Jacira Sinval. Everaldo mestre-sala. Tio João e a esposa dele, Doralice, Minha tia Neném. E nós ali mais novas, né? Cantando... Era muito gostoso.

[Francisca Sousa] Mudou muita coisa dessa época pra hoje?

[Dona Leda] Ah, mudou! Mudou! Mudou! Hoje em dia não tem mais aquela união, hoje em dia tudo é dinheiro, não tem aquela comunhão, sabe como é que é? Eu, eu! Com as minhas primas e aquelas meninas daquela época, brincando, nós íamos pedir na rua, nós éramos mocinhas, a gente ia pedir ajuda na rua, ajuda pro Império! A gente não tirava um tostão! Pessoal que dava, da Penha, Irajá. A gente ia com um envelopezinho, batia nas portas e a pessoa dava outras não davam. Uma ajuda pro Império Serrano. A gente levava aquele dinheirinho. Isso no início do Império. E eles, que eram os adultos, os livros de ouro no comércio de Madureira, de Vaz Lobo, da Penha, assinava e dava aquele dinheiro, aquela subvenção pro Império. E era assim... Eu sinto muita saudade, muita mesma. Era aquele Império, que tinha aquele amor, quando chegava.. Império desce, poxa vida...

[Francisca Sousa] O que significa o samba na vida da senhora?

[Dona Leda] Representa muito, porque eu nasci ali. Eu me criei ali, o meu pai não era muito de samba, não, meu pai é do Jongo. Minha mãe já não era do Jongo muito. Meu pai era do jongo, do tambor. Então meu pai dizia: “meu Deus, o que é isso?”. Minha mãe, não, mas dia de São José, meu pai fazia aniversário em março, 10 de março, mas dia de São José ele fazia aquela festa, dia 19 agora. Ele fazia aquela festa no morro, aquela feijoada. Meu pai todo de branco. Voltava e começa a festa na frente da quadra da Império. Minha casa era bem em frente. Casei ali também. Casei nova, com 17 anos. Casei com o filho do Elóy, né? Que era o baluarte do cais do porto, baluarte do Império. Casei com ele, depois veio filho. Sou Império de verdade.



2 comentarios:

  1. Meu amigo teremos uma dívida de gratidão por tudo que tens feito acontecer na vida de minha mãe e , consequentemente em nossas vidas !

    ResponderEliminar
  2. O nosso querido Pontín é o grande idealizador de tudo isso, junto com a Fran. E gentilmente me deram a permissão para eu compartilhar no meu blog. Eu só agradeço!!

    ResponderEliminar

Sergio Cabral

Un pequeño homenaje a éste gran hombre de la cultura brasilera que partió hoy 14 de Julio. Figura importantísima para el samba en especial. ...